Diário de um Embaixador Português em Roma
Descoberto no fundo geral da secção de Reservados da Biblioteca Nacional de Lisboa, o códice intitulado Diário da jornada que fez o illustríssimo Senhor Bispo de Lamego Dom Luís de Souza Embaixador Extraordinário do Príncipe Dom Pedro, a Santidade do Pappa Clemente Decimo, na era de 1675 annos, revela-se agora de grande importância para a ampliação dos conhecimentos relativos à actividade diplomática do que pode considerar-se um segundo momento na estratégia portuguesa a seguir à Restauração, a 1640.
A presente obra apresenta um manancial de informações relevantes e precisas (raras nos manuscritos da época) nas descrições do traje, dos meios de transporte, dos códigos sociais vigentes no âmbito do cerimonial e do protocolo barrocos, etc. Mas aqui encontramos sobretudo uma aproximação à vida quotidiana de um diplomata português na Roma do último quartel de seiscentos.
| Editora | Livros Horizonte |
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| Coleção | Memórias de Portugal |
| Categorias | |
| Editora | Livros Horizonte |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Teresa Leonor M. Vale |
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From Rome to Lisbon: an album for the Magnanimous KingO projeto de edição do Álbum Weale pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tem como objetivo tornar acessível ao público interessado uma peça da maior relevância, do ponto de vista da história e da história da arte, proporcionando a apresentação não apenas do texto e de todos os desenhos constantes do Libro degli Abozzi de Disegni delle Commissioni che si fanno in Roma per Ordine della Corte que na cidade pontifícia se fez por zelo do último embaixador de D. João V em Roma, Manuel Pereira de Sampaio (1691-1750) mas também de um conjunto de ensaios de reputados especialistas na matéria. O volume, constituído por 160 folhas, contem 101 desenhos, a tinta e aguarelados, das obras de arte que na década de 40 do século XVIII se faziam em Roma, por encomenda do rei Magnânimo, designadamente para a Patriarcal e capela de S. João Baptista da igreja de S. Roque. As viagens que experienciou foram muitas: de Roma para Lisboa, de Lisboa para o Rio de Janeiro (acompanhando a família real em 1807), aportando mais tarde a Londres e finalmente a Paris, em cujas coleções da Biblioteca da École Nationale Supérieure des-Beaux-arts se encontra. A designação de Álbum Weale adveio-lhe da circunstância de no século XIX ter estado na posse e terem alguns dos seus desenhos sido publicados pelo editor inglês John Weale. Assim, sob a coordenação científica e editorial de Teresa Leonor Vale (Doutora em História da Arte, docente e investigadora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), propõe-se a SCML realizar uma edição (com um total de 328 pp. e 241 imagens) cuja apresentação do conteúdo do álbum se vê complementada e aprofundada com textos da coordenadora, de Jennifer Montagu (Warburg Institute, University of London), Marie-Thérèse Mandroux França, António Filipe Pimentel (Universidade de Coimbra e Museu Nacional de Arte Antiga) e das técnicas de restauro Coralie Barbe e Laurence Caylux (École Nationale Supérieure des Beaux-arts, Paris). Estes ensaios facultarão ao leitor a abordagem de problemáticas essenciais para a plena compreensão do álbum, desde logo a sua relevância científica e académica, o seu extraordinário percurso, o seu papel no contexto mais vasto das encomendas joaninas, a presença que no mesmo tem a capela de S. João Baptista e ainda a intervenção de conservação e restauro que possibilitou a sua edição. -
Ourivesaria Barroca Italiana em PortugalO presente livro ocupa-se, como o título e subtítulo o indicam, da presença e da influência da ourivesaria barroca italiana em Portugal, efetuando uma abordagem a esta problemática capaz de permitir uma identificação e análise do acervo, do contexto, dos agentes e dos processos de importação e difusão. Ao longo do texto - que se desenvolve em articulação com uma seleção de imagens e quadros-síntese e se alicerça na análise das obras e dos manuscritos (que, devidamente transcritos, se publicam no final do volume) - procura compreender-se o contexto de produção, identificar autores, estabelecer relações entre peças e artistas (não apenas ourives mas também escultores, tendo em conta a estreita colaboração verificada entre estas duas categorias profissionais para a concretização das obras) e ainda reconhecer tipologias, no âmbito das obras importadas para o nosso país durante o tempo do Barroco. Por outro lado, efetua-se também um reconhecimento da influência italiana na ourivesaria portuguesa, em particular naquela da segunda metade do século XVIII. Tal problemática, embora recorrentemente referida por múltiplos autores (de forma mais ou menos superficial e nunca justificada), numa se constituiu como tema de uma publicação. Cremos que os resultados deste estudo possuem voz própria, ou seja, cremos que se assume como evidente o modo como o texto e os respetivos anexos vêm colmatar a lacuna que tivemos ocasião de identificar no início da nossa investigação, deixando, porém, largo espaço a novos contributos. -
Um Português em Roma - Um Italiano em LisboaQuanto a João António Bellini, foi provavelmente o facto de não ser um escultor de primeira qualidade que o trouxe da sua Pádua natal até ao nosso país, onde procurou e encontrou boas oportunidades de trabalho. Acerca da sua obra, procurou-se essencialmente organizar e acertar os elementos já conhecidos e promover uma sistematização capaz de facultar uma visão da evolução do seu trabalho e, sobretudo, reconhecer características passíveis de funcionar como definidoras da sua maneira de esculpir. O que parece certo é que a sua obra e a mobilidade inerente à sua concretização no nosso país resultam essencialmente dos dois factores que ao longo do texto reconhecemos e procurámos clarificar: a parceria artística com o arquitecto João Frederico Ludovice e a relação com o grande encomendador que era a Companhia de Jesus, no Portugal da primeira metade da centúria de Setecentos. Da investigação desenvolvida acerca da actividade e produção dos dois escultores fica-nos porém a evidente convicção de que a obra apurada é apenas uma parte daquela efectivamente realizada. Finalmente, pensamos poder afirmar, apesar do muito que permanece por saber, que com a investigação realizada em torno destes dois artistas contribuímos para um melhor conhecimento da tão fértil produção artística que marcou o reinado do Magnânimo e parte do período subsequente, da sua riqueza e das suas contradições. -
Escultura Barroca Italiana em PortugalAs obras de escultura perduram no tempo, muito para além dos artistas que as realizaram, muito para além das personalidades que representam. A resistência da escultura pétrea às tantas formas de erosão que o tempo consigo transporta é de facto notável, porém, muitas são também as obras de cuja existência possuímos notícia mas que não chegaram até nós. Assim, quando nos dedicamos a abordar o tema da escultura barroca italiana existente em Portugal é de sobrevivências que falamos. Este livro tem a pretensão de cativar a atenção do leitor para a escultura em geral, ainda que trate unicamente de escultura barroca italiana, certamente aquela que do trio das artes ditas maiores recebe menor atenção e consequente menor número de estudos. Trata-se de um livro dominantemente caracterizado pela diversidade, porque feito de vários textos. Com efeito, nele se reúne um conjunto de textos escritos acerca de obras de escultura pétrea barroca italiana cuja relação entre si consiste essencialmente na época da sua realização - os séculos XVII e XVIII - e na sua origem geográfica - Itália. Factor de união neste contexto de diversidade é ainda o facto de todas as obras abordadas se encontrarem em Portugal e poderem, na sua maioria, ser apreciadas através de uma observação directa por parte do leitor mais interessado. -
A Academia de Portugal em Roma ao Tempo de D. João VCom este livro pretende-se apresentar, de forma crítica, o que já é conhecido sobre a academia nacional de Roma ao tempo de D. João V e procurar trazer novidades, sobretudo quanto aos seguintes aspectos: cronologia, espaço e funcionamento, identificando specificidades, eventuais semelhanças e dissemelhanças relativamente a outras academias nacionais estabelecidas na cidade pontifícia. Porque se nos afigura sempre relevante a publicação e o estudo de fontes, optámos por transcrever e apresentar na íntegra um Inventário que nos revela o palácio romano da via di Campo Marzio, onde durante pouco menos de uma década funcionara a Academia de Portugal, ainda que já esvaziado dos seus ocupantes e de parte do seu recheio. Conservado nos fundos da Biblioteca da Ajuda, o manuscrito, redigido em Maio de 1728, conduz-nos efectivamente por um edifício vazio (todos os portugueses não residentes em permanência na cidade pontifícia haviam recebido, no precedente mês de Março, ordem para abandoná-la, no seguimento da interrupção das relações diplomáticas) mas permite extrair ilações que, do nosso ponto de vista, contribuem para o melhor conhecimento da instituição fundada pela Coroa, a qual foi a primeira academia nacional a ser criada na Urbe após aquela Francesa, instituída em 1666 por vontade do Rei Sol.
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O Príncipe da Democracia - Uma Biografia de Francisco Lucas PiresNenhuma outra figura foi intelectualmente tão relevante para a afirmação da direita liberal em Portugal como Francisco Lucas Pires. Forjado numa família que reunia formação clássica e espírito de liberdade, tornou-se um constitucionalista inovador, um jurista criativo, um político de dimensão intelectual rara à escala nacional e europeia – e, acima de tudo, um cidadão inconformado com o destino de Portugal.Em O Príncipe da Democracia, Nuno Gonçalo Poças reconstitui o percurso e as ideias deste homem invulgar, cujo legado permanece em grande parte por cumprir, e passa em revista os seus sucessos e fracassos. O resultado é um livro que, graças à absoluta contemporaneidade do pensamento do biografado, nos ajuda a compreender as grandes questões que o país e a Europa continuam a enfrentar, mostrando-nos, ao mesmo tempo, uma elegância política difícil de conceber quando olhamos hoje à nossa volta.Mais do que um retrato elucidativo de Lucas Pires, que partiu precocemente aos 53 anos, este é um documento fundamental para responder aos desafios do futuro, numa altura em que o 25 de Abril completa meio século. -
A DesobedienteA dor e o abandono chegaram cedo à vida de Teresinha, a filha mais velha de um dos mais prestigiados médicos da capital e de uma mulher livre e corajosa, descendente dos marqueses de Alorna, que nas ruas e nos melhores salões de Lisboa rivalizava em encanto com Natália Correia. A menina que haveria de ser poetisa vê a morte de perto quando ainda mal sabe andar, sobrevive às depressões da mãe, chegando mesmo a comer uma carta para a proteger. É dura e injustamente castigada e as cicatrizes hão de ficar visíveis toda a vida, de tal modo que a infância e a adolescência de Maria Teresa Horta explicam quase todas as opções que tomou. Sobreviver ao difícil divórcio dos pais, duas figuras incomuns, com as quais estabeleceu relações impressionantes de tão complexas, foi apenas uma etapa.Mas quanto deste sofrimento a leva à descoberta da poesia? E quanto está na origem da voz ativista de uma jovem que há de ser uma d’As Três Marias, as autoras das famosas «Novas Cartas Portuguesas», e protagonistas do último caso de perseguição a escritores em Portugal, que recebeu apoio internacional de mulheres como Simone de Beauvoir e Marguerite Duras? A insubmissa, que se envolve por acaso com o PCP e mantém intensa atividade política no pré e no pós-25 de Abril; a poetisa, a mãe, a mulher que constrói um amor desmedido por Luís de Barros; a grande escritora a quem os prémios e condecorações chegaram já tarde (ainda que, em alguns casos, a tempo de serem recusados), entre outras facetas, é a Maria Teresa Horta que Patrícia Reis, romancista e biógrafa experimentada, soube escrever e dar a conhecer, nesta biografia, com a destreza e a sensibilidade que a distinguem. -
Emílio Rui VilarMemórias do país da ditadura e do alvor da democracia em Portugal. A vida de Emílio Rui Vilar atravessou as principais mudanças da segunda metade do século XX. Contado na primeira pessoa, um percurso fascinante pelo fim do regime de Salazar e Caetano e pela revolução de Abril.Transcrevendo entrevistas realizadas ao longo de vários meses, este livro recolhe o relato na primeira pessoa de uma trajetória que percorreu o início da contestação ao Estado Novo no meio universitário, a Guerra Colonial, a criação da SEDES, o fracasso da “primavera marcelista” e os primeiros anos do novo regime democrático saído do 25 de Abril, onde Emílio Rui Vilar desempenhou funções governativas nos primeiros três Governos Provisórios e no Primeiro Governo Constitucional. No ano em que se celebram cinco décadas de democracia em Portugal, este livro é um importante testemunho sobre dois regimes, sobre o fim de um e o nascimento de outro. -
Oriente PróximoCom a atual guerra em Gaza, este livro, Oriente Próximo ganhou uma premente atualidade. A autora, a maior especialista portuguesa sobre o assunto, aborda o problema não do ponto de vista geral, mas a partir da vida concreta das pessoas judeus, árabes e outras nacionalidades que habitam o território da Palestina. Daí decorre que o livro se torna de leitura fascinante, como quem lê um romance.Nunca se publicou nada em Portugal com tão grande qualidade. -
Savimbi - Um homem no Seu MartírioSavimbi foi alvo de uma longa e destrutiva campanha de propaganda, desinformação e acções encobertas de segurança com o objectivo de o desacreditar e isolar. Se não aceitasse o exílio ou a sujeição, como foi o objectivo falhado dessa campanha, o fim último era matá-lo, como aconteceu: premeditadamente! Para que a sua «morte em combate» não suscitasse empatia, foi como um chefe terrorista da laia de Bin Laden que a sua morte foi apresentada – artifício da propaganda que tirou partido da memória emocional recente dos atentados da Al Qaeda, na América. Julgado com honestidade, Savimbi nunca foi o «bandido» por que o fizeram passar. O manifesto apreço que personalidades de indiscutível clareza moral, como Mandela, tiveram por ele prova-o. O MPLA elegeu-o como adversário temido e quis apagá-lo do seu caminho! Não pelos crimes a que o associaram. O que o MPLA e o seu regime temiam eram as suas qualidades e carisma, a sua representatividade política e o prestígio externo que granjeara. Como outros grandes da História, Savimbi também tinha defeitos e cometia erros. Mas no deve e haver as suas qualidades eram preponderantes." -
Na Cabeça de MontenegroLuís Montenegro, o persistente.O cargo de líder parlamentar, no período da troika, deu-lhe o estatuto de herdeiro do passismo. Mas as relações com Passos Coelho arrefeceram e o legado que agora persegue é outro e mais antigo. Quem o conhece bem diz que Montenegro é um fiel intérprete da velha tradição do PPD, o partido dos baronatos do Norte. Recusou por três vezes ser governante e por duas vezes foi derrotado em autárquicas. Já fez e desfez alianças, esteve politicamente morto e ressuscitou. Depois de algumas falsas partidas chegou à liderança. Mas tudo tem um preço e é o próprio a admitir que se questiona com frequência: será que vale a pena? -
Na Cabeça de VenturaAndré Ventura, o fura-vidas.Esta é a história de uma espécie de Fausto português, que foi trocando aquilo em que acreditava por tudo o que satisfizesse a sua ambição. André Ventura foi um fura-vidas. A persona mediática que criou nasceu na CMTV como comentador de futebol. Na adolescência convertera-se ao catolicismo, a ponto de se tornar um fundamentalista religioso. Depois de ganhar visibilidade televisiva soube pô-la ao serviço da sua ambição de notoriedade. Passou pelo PSD e foi como candidato do PSD que descobriu que havia um mercado eleitoral populista e xenófobo à espera de alguém que viesse representá-lo em voz alta. Assim nasceu o Chega. -
Contra toda a Esperança - MemóriasO livro de memórias de Nadejda Mandelstam começa, ao jeito das narrativas épicas, in media res, com a frase: «Depois de dar uma bofetada a Aleksei Tolstói, O. M. regressou imediatamente a Moscovo.» Os 84 capítulos que se seguem são uma tentativa de responder a uma das perguntas mais pertinentes da história da literatura russa do século XX: por que razão foi preso Ossip Mandelstam na fatídica noite de 1 de Maio de 1934, pouco depois do seu regresso de Moscovo? O presente volume de memórias de Nadejda Mandelstam cobre, assim, um arco temporal que medeia entre a primeira detenção do marido e a sua morte, ou os rumores sobre ela, num campo de trânsito próximo de Vladivostok, algures no Inverno de 1938. Contra toda a Esperançaoferece um roteiro literário e biográfico dos últimos quatro anos de vida de um dos maiores poetas do século XX. Contudo, é mais do que uma narrativa memorialística ou biográfica, e a sua autora é mais do que a viúva mítica, que memorizou a obra proibida do poeta perseguido, conseguindo dessa forma preservar toda uma tradição literária. Na sua acusação devastadora ao sistema político soviético, a obra de Nadejda Mandelstam é apenas igualada por O Arquipélago Gulag. O seu método de composição singular, e a prosa desapaixonada com que a autora sonda o absurdo da existência humana, na esteira de Dostoievski ou de Platónov, fazem de Contra toda a Esperança uma das obras maiores da literatura russa do século XX.