O Rosto do Alpinista
Por estranho que pareça, enquanto houver caricatura brilhará no mundo uma faísca de humanidade. Por causa do riso, desde logo, mas por nos aproximar, sem alarde, da alma por detrás daquela cara e daquele nome, autor de obra, gesto, palavra, ou apenas habitante de alguns dos mundos de que é feito o presente. Depois, abre silêncio sobre as coisas do mundo fazendo-o reverberar. André Carrilho poderia ter sido alpinista, alguém que escala o impossível sem outro objectivo que o encontro de caminhos ou vencer de obstáculos. Acabou sendo desenhador, caricaturista, cartoonista, contador de histórias, provocador de danças, criador de ambientes.
Serve-se Carrilho do desporto das alturas para explicar a sua vocação de curto-circuito de grafismos, de modesto retratista. O humano no cume dos Himalaias é uma bandeira e uma história. Nas páginas dos jornais, ou no ecrã, o humano salta-nos à cara através do desenho de imprensa, boneco de mola preso numa caixa de surpresas.
| Editora | Assírio & Alvim |
|---|---|
| Coleção | . |
| Categorias | |
| Editora | Assírio & Alvim |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | André Carrilho, João Paulo Cotrim |
João Paulo Cotrim (Lisboa, 13 de março de 1965 - 26 de dezembro de 2021) foi um jornalista, escritor e editor português. Foi o fundador da Abysmo.
A escrita estava-lhe no sangue: guionista para filmes de animação (Fado do Homem Crescido, com Pedro Brito, ou Sem Querer, com João Fazenda, entre outros), escreveu também novelas gráficas (Salazar – Agora, na Hora da Sua Morte), ficção (O Branco das Sombras Chinesas, com António Cabrita), ensaios (Stuart – A Rua e o Riso ou El Alma de Almada El Ímpar – Obra Gráfica 1926-1931), aforismos (A Minha Gata) e poesia (Má Raça, com Alex Gozblau), além de histórias para as mais disparatadas infâncias (por exemplo, Querer Muito, com André da Loba).
Dirigiu desde a sua abertura, em 1996, e até 2002, a Bedeteca de Lisboa, tendo organizado um sem-número de edições, iniciativas e exposições (por exemplo, Jogo da Glória – O Século XX Malvisto pelo Desenho de Humor). Assinava, no Hoje Macau, a crónica semanal Diário de um Editor.
-
Conjunto 7 Postais Literários Bilingues Lisbon Poets & Co.Conjunto de postais com ilustrações dos grandes nomes da poesia portuguesa. Os poetas que integram a colecção são Luís de Camões, Fernando Pessoa, Cesário Verde, Florbela Espanca e Mário de Sá Carneiro. No verso dos postais, há pequenos excertos da obra dos poetas em Português e em Inglês, com traduções originais a partir do livro "Lisbon Poets: Camões, Cesário, Sá-Carneiro, Florbela, Pessoa". -
Antónia Ferreira - A Desenhadora de Paisagens«Dona Antónia é um nome importante, ou não se escrevia dona assim por extenso, tantos anos depois.»Dona Antónia? Antónia Ferreira? A Ferreirinha?Ai, que confusão! São três senhoras ou uma grande senhora?Foi uma grande senhora. Tal como os vinhos, que «não são todos iguais», as histórias de vida são todas diferentes. Através das páginas de Antónia Ferreira - A Desenhadora de Paisagens descobre a vida desta gestora de sucesso, e também a história do Douro e das suas paisagens.«Naquele tempo, costumava dizer-se que a mulher era a senhora da casa. Dona Antónia foi a senhora de um mundo.»Edição especialmente dedicada ao público infanto-juvenil. -
Stuart - A Rua e o RisoPara alguém nascido em época e classe onde a fotografia explodia em sensação e se tornava costume, José Herculano Stuart Torrie d’Almeida Carvalhais, que viu a luz a 7 de Março de 1887, em Vila Real, Trás-os-Montes, não foi amado pelas câmaras. Ou então os acasos do destino contribuem assim para uma aura de mistério ainda não desfeita. Por falta de memória, sentido de humor ou vontade de mistificar, o próprio chegou a confundir datas de nascimento, inícios de percurso, episódios e explicações. Nem mais tarde, quando tocado pela fama e escolhido para papel de destaque na novela alfacinha com epicentro no Chiado, nem então, o seu rosto se deixou fixar para além dos mínimos. O essencial ficou impresso por jornais e revistas, nas páginas de saudação aos colaboradores ou nas entrevistas e notícias de que foi sendo alvo, apesar de tudo, com regularidade. A linguagem corporal estará conservada algures nas pequenas figurações em filmes que lhe mataram a fome dos anos de Paris, ou no papel de pai das mais famosas personagens do universo infantil e nacional, Quim e Manecas, em fita também ela desaparecida. Para acedermos ao arruivado da tez, olho azul felino, talvez herança da mãe, Margarida Amélia Stuart Torrie, cujas raízes mergulhavam na aristocracia escocesa, ou ao andar desajeitado de pés metidos para dentro, que não temos razão para atribuir ao pai, José de Almeida Carvalhais, engenheiro agrónomo, oriundo como a mulher de abastadas famílias rurais do Douro, comerciantes de vinho do Porto, para lhe conhecermos o perfil, portanto, devemos, não sem ironia, cruzar as descrições escritas com os retratos desenhados. Num caso, como noutro será difícil evitar a beata, os olhos semicerrados, o ar de desafio mal barbeado. -
João Abel Manta - Caprichos e DesastresDepois de Rafael Bordalo Pinheiro, Stuart Carvalhais e André Carrilho, dedicamos este volume à obra de João Abel Manta (Lisboa, 1928). O texto é, como nos volumes anteriores, de João Paulo Cotrim, que aponta «a força das imagens» como critério decisivo na selecção das reproduções que aqui figuram. Formado em arquitectura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, começou desde cedo a publicar desenhos em órgãos de imprensa. Desenhou para O Século Ilustrado, Gazeta Musical e de Todas as Artes, Seara Nova, Eva e sobretudo para o Diário de Lisboa, ficando conhecido maioritariamente pelas caricaturas que fez da sociedade portuguesa, e cujo traço grosso e simples é ainda hoje reconhecido. Actualmente, João Abel Manta dedica-se à pintura. «Em João Abel Manta cruzam-se, além das disciplinas da pintura e do design, que convoca amiúde para o seu labor de livre comentador, um agudo sentido de observação, o desejo de intervir muito para além do acto criativo, a persistência na abordagem de questões-chave como a condição humana, tocada pelo absurdo, e uma obsessão com as questões da nacionalidade, no que constitui uma relação bastante dúbia com os acontecimentos. Além de uma rara capacidade para traduzir interpretações em imagens poderosas, que o foram em datas concretas, contribuindo em muito para um imaginário colectivo da sociedade portuguesa do pós 25 de Abril.» (excerto) -
AtritoDando sequência a Inércia, um primeiro álbum de viagens, Atrito recolhe as paisagens onde André Carrilho se deteve.Cada desenho representa muitas horas a observar recantos das grandes capitais ou montanhas do interior, aqui um teatro, além uma igreja, muitas árvores e um nascimento, o do seu filho. Desenhar é capturar o essencial, não apenas do lugar, mas do modo como nos afecta o que somos naquele momento.Atrito, diz o autor, é o que muda o curso a qualquer viagem. Também pelos textos nos apercebemos que André Carrilho afina pelo diapasão dos grandes viajantes, os que assinalam os detalhes do mundo.«Todos os desenhos foram feitos presencialmente no local que retratam, à mão, com canetas, tintas acrílicas, grafite solúvel e aguarelas», explica André Carrilho. «Por vezes as condicionantes do local e de tempo exigiram que acabasse alguns pormenores de memória, mas não foram usadas fotografias como referência, nem meios digitais de manipulação de imagem. O que aqui se vê foi o que registei no papel, sem hipóteses de correcção.» -
Dejá VuAntologia de cartoons de um dos mais prestigiados, premiados e internacionalizados autores de desenho de imprensa, que em Portugal publica, sobretudo, no Diário de Notícias. Nenhum momento importante, assunto premente ou personalidade notável dos últimos anos escapou ao seu olhar mordaz. «Um dia, o jornal francês Libération perguntou a escritores de todo o mundo: «Porque escreve?» A melhor resposta foi a do português Lobo Antunes: «Porque não sei dançar como Fred Astaire.» Porque estou eu aqui a prefaciar? Plagio: porque não sei desenhar como André Carrilho. É tão mais fácil explicar as coisas com dois rabiscos - basta ter um imenso talento. Como não tenho, continuo por meras palavras. Em 1974, em vésperas do nosso 25 de Abril, Salvador Puig Antich, militante anarquista espanhol, foi morto pelo regime franquista. Será o último a ser executado pelo garrote vil. No primeiro aniversário da sua morte, na primavera de 1975, houve manifestações em Lisboa. Uma delas, de anarquistas, passou pela sede da companhia de avião espanhola Iberia e seguiu em frente. Mas, ao chegar à loja da companhia de aviação italiana Alitalia, a manifestação partiu-lhe as montras. Acho que foi nesse dia que conheci André Carrilho.» Do prefácio de Ferreira Fernandes. -
Salazar - Agora, na Hora da sua MorteA Parceria A M Pereira, na estratégia de, no presente, retomar tradições do seu passado, lança agora uma obra de banda desenhada. Com efeito, em Outubro de 1974, a Parceria realizou nas suas instalações de então, situadas em Lisboa, uma exposição de banda desenhada que obteve e grande sucesso naquele período tumultuosos da nossa história. -
A Menina Com Os Olhos OcupadosA menina com os olhos ocupados não vê a carrinha dos gelados, os cãezitos com que se cruza na rua, os amigos. Nem sequer vê girafas, golfinhos, piratas, discos-voadores e montanhas-russas. Até que um dia o telemóvel parte-se, ela levanta a cabeça e… descobre o mundo que tem estado à sua espera! -
Em Lume BrandoObra de estreia de André Carrilho na banda desenhada, "Em lume brando" aflora com olhar desencantado e notável subtileza, aspectos latentes na condição humana, lá onde sobressaem a decadência física irreversível, a solidão e os medos, o desajustamento social. -
A Minha Gata (Aforismos Poéticos)ReimpressãoNão por acaso, o livro de João Paulo Cotrim vem dedicado a Manuel António Pina, o poeta falecido no mês passado e cujos gatos se tornaram emblemáticos de uma iconografia pessoal, quase tendendo por vezes, no espaço e no discurso públicos, a sobrepor-se à figura e à actividade do poeta e do cronista. (…) No seu andamento narrativo e descritivo, os poemas de João Paulo Cotrim compõem a figura deste animal simultaneamente íntimo e esquivo, e ao mesmo tempo dão conta do exercício de convivialidade doméstica entre poeta e bicho: a leitura e a interpretação de alguns sinais, a anotação dos pequenos gestos e comportamentos, em fragmentos muitos breves, por vezes de natureza aforística mesmo, perfazem uma espécie de jogo do gato e do… poeta, num relacionamento ora próximo e chegado, ora distanciado por via do registo irónico que, amiúde, assinala a perspectiva sobre os acontecimentos (por exemplo, pp. 23 ou 25). E estes são ainda os de um quotidiano ameno, sem grandes atritos, embora com a perplexidade ocasional do poeta perante certos comportamentos próprios de um animal que tem duas patas na sala e duas ainda na selva, como todo o gato ou gata que se preza. E é disso tudo que nos fala este livro de João Paulo Cotrim. Urbano Bettencourt
-
Sermão de Santo António aos PeixesO Sermão de Santo António aos Peixes, foi proferido na cidade de São Luís do Maranhão, na sequência de uma disputa com os colonos portugueses no Brasil. Constitui um documento surpreendente de imaginação, habilidade oratória e poder satírico do Padre António Vieira. Com uma construção literária e argumentativa notável, o sermão tem como objetivo louvar algumas virtudes humanas e, principalmente, censurar com severidade alguns vícios dos colonos. O Sermão de Santo António aos Peixes, faz parte das leituras do 11º ano. -
Mafalda - Feminino SingularA Mafalda, a irreverente menina que encantou gerações com a sua visão bem-humorada do mundo em que vivemos, é uma das mais ilustres feministas do nosso tempo. As tiras reunidas neste volume dão bem conta do caráter feminista desta criança que, aos seis anos, questiona o papel da mulher no mundo, e que não está disposta a tornar-se uma dona de casa de classe média dedicada às tarefas domésticas.Sessenta anos após a sua criação, e com a luta pelos direitos das mulheres mais do que nunca no centro das atenções, a leitura que a Mafalda faz do mundo mantém-se extremamente atual. As vinhetas do genial Quino assumem hoje uma força extraordinária e ajudam-nos a tomar consciência do caminho percorrido e a percorrer para alcançar a igualdade entre homens e mulheres. -
Astérix 40 - O Lírio Branco«Para iluminar a floresta, basta a floração de um só íris». O Íris Branco é o nome de uma nova escola de pensamento positivo, vinda de Roma, que começa a propagar-se pelas grandes cidades, de Roma a Lutécia. César decide que este novo método pode ter efeitos benéficos sobre os campos romanos em redor da famosa aldeia gaulesa, mas os preceitos desta escola influenciam igualmente os habitantes da aldeia que com eles se cruzam… Que terá por exemplo acontecido ao nosso chefe gaulês preferido e qual a razão para o seu ar tão carrancudo? Descobre esta nova aventura de Astérix em 26 de outubro de 2023! -
Blake & Mortimer - A Arte da GuerraPhilip Mortimer e Francis Blake viajam até Nova Iorque, onde o Professor Blake irá falar em nome do Reino Unido no último dia da Conferência Internacional de Paz na sede da ONU nova sede ao lado do East River. O propósito da Conferência é diminuir a tensão entre Oriente e Ocidente que ameaça a paz mundial. O objetivo é louvável mas é frustrado na mesma noite em que os homens chegam, quando a polícia prende um homem por vandalizar o famoso Cippus of Horus, a estrela exposta na arte egípcia Departamento do Museu Metropolitano. O lema ""PAR HORUS DEM"", esculpido numa estela de pedra de 2.000 anos traz de volta memórias dolorosas para Blake e Mortimer; e quando descobrem que o vândalo não é outro senão o Coronel Olrik, que perdeu sua própria memória, o espanto deles transforma-se em apreensão. -
MensagemPublicado apenas um ano antes da morte do autor, Mensagem é o mais célebre dos livros de Fernando Pessoa. A obra trata do glorioso passado de Portugal de forma apologética e tenta encontrar um sentido para a antiga grandeza e a decadência existente na época em que o livro foi escrito. Glorifica acima de tudo o estilo camoniano e o valor simbólico dos heróis do passado, como os Descobrimentos portugueses. É apontando as virtudes portuguesas que Fernando Pessoa acredita que o país deva se ""regenerar"", ou seja, tornar-se grande como foi no passado através da valorização cultural da nação. O poema mais famoso do livro é Mar Português. Contém 44 poemas agrupados em 3 partes, representando as três etapas do Império Português: Nascimento, Realização e Morte, seguida de um renascimento. -
Farsa de Inês PereiraInês Pereira é uma jovem caprichosa, ambiciosa e emancipada, sabe ler e escrever, procura um marido que a faça feliz não ouvindo os concelhos que a mãe lhe dá, não quer ter uma vida submissa, acabando por se casar com o homem que quer, mas fica desencantada e desiludida, transformando-se na esposa infiel do segundo marido. A Farsa de Inês Pereira ilustra o ditado “antes quero burro que me leve que cavalo que me derrube”, de forma bastante caricata e viva. -
Quentin por Tarantino“Os filmes de Tarantino serão vistos sob uma nova luz após a leitura deste livro !”Este livro mergulha no cérebro de Quentin Tarantino que, com a sua produtora de filmes independentes durante a década de 1990, realizaram uma verdadeira revolução no cinema. Tendo ganho fama internacional logo com as suas duas primeiros longas-metragens, ""Reservoir Dogs"" (1992) e ""Pulp Fiction"" (1994), premiado com o Palma de Ouro em Cannes.Amazing Ameziane conta neste livro, e na primeira pessoa, a vida, os começos, filmes, influências e opiniões de um dos mais talentosos diretores e roteiristas contemporâneos. O estilo de Tarantino é inconfundível: diálogo elaborado, referências recorrentes à cultura pop,cenas altamente estéticas, mas extremamente violentas, inspiradas na exploração filmes de artes marciais ou westerns spaghetti...Este livro conta com os nove filmes já produzidos por Tarantino e numa altura em que se aguarda com expectativa se ele realmente irá produzir o seu décimo e ultimo filme. -
Patos: Dois Anos nas Areias PetrolíferasAntes de Kate Beaton, cartoonista de Hark! A Vagrant, existia Katie Beaton dos Beatons de Cabo Bretão, especificamente de Mabou, uma comunidade à beira-mar onde as lagostas são tão abundantes como as praias, os violinos e as canções folclóricas gaélicas. Com o objetivo de pagar os seus empréstimos estudantis, Katie viaja para o Oeste para aproveitar a corrida ao petróleo em Alberta — parte da longa tradição dos habitantes da Costa Leste que procuram um emprego lucrativo noutro lugar quando não o encontram na terra natal que amam. Katie depara-se com a dura realidade da vida nas areias petrolíferas, onde o trauma é ocorrência quotidiana, mas nunca é discutido. A habilidade natural de Kate Beaton para o desenho torna-se evidente ao retratar maquinaria colossal em cenários sublimes de Alberta, com vida selvagem, auroras e orestas boreais. A sua primeira narrativa gráfica longa, Patos: Dois Anos nas Areias Petrolíferas, é uma história desconhecida de um país que se orgulha do seu ethos igualitário e da sua beleza natural, enquanto simultaneamente explora tanto as riquezas da sua terra quanto a humanidade do seu povo.