Sobras Completas
Foi a ele que o Manuel de Castro dedicou o seu primeiro livro, Paralelo W. E. , se me lembro correctamente, foi ele quem sugeriu ao Herberto Helder o título para o seu primeiro grande poema, O Amor em Visita . A escolha desse título é, em si próprio, um brilhante exercício de crítica literária. Com referência implícita à obra de Alfred Jarry, LAmour en Visites , sugere a transformação dessas plurais visitas de picaresca demanda adolescente na visitação carnalmente mística de um perene amor para sempre renovado e desde sempre inalcançado no poema de Herberto Helder.
| Editora | Abysmo |
|---|---|
| Categorias | |
| Editora | Abysmo |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | José Manuel Simões |
José Manuel Simões é pós-doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade Católica Portuguesa, doutor em Global Studies pela Universidade de São José (Macau); mestre em Comunicação e Jornalismo pela Universidade de Coimbra e licenciado em Jornalismo Internacional pela Escola Superior de Jornalismo do Porto, onde lecionou. Publicou diversos artigos académicos e trabalhos jornalísticos em Portugal, Brasil, China, Estados Unidos, Tailândia, Japão e Inglaterra. Escreveu as biografias em português de Cesária Évora, David Byrne, Delfins e Júlio Iglesias. Foi jornalista de televisão e imprensa, escreveu para o Jornal de Notícias, Correio da Manhã e Hoje Macau. Desde 2008, coordena o departamento de Communication & Media na Universidade de São José, em Macau. Publicou também vários livros pela Media XXI, entre eles Índios Potiguara - Memória, Asilo e Poder, Ponto de Luz, Deus Tupã e Jornalismo Multicultural em Português - Estudo de Caso em Macau.
-
Os Índios Potiguara - Memória, Asilo e PoderOs Índios Potiguara: Memória, Asilo e Poder é um livro que resulta de uma tese de doutoramento iniciada numa sorte de vertiginosa descida a um outro locus cultural. Por via dramática. Quando foi procurar estabelecer uma comunicação inicial com os índios Potiguara, ao chegar à reserva formalmente interdita a estranhos próxima à comunidade da Aldeia Galego, José Manuel Simões observou, mais do que aterrado, um bimotor a despenhar-se, ignorando então que no seguimento desse acontecimento viria a realizar um documentário cinematográfico sobre esta comunidade, a doutorar-se no tema e a escrever este livro que engloba em interdisciplinaridade os campos da História, da Antropologia Cultural e das Teorias da Comunicação, acompanhando e refletindo em sede de metodologia etno-histórica sobre um grupo cultural que se abriu ao exterior mas porfiando em manter traços, manifestações e representações culturais que apresenta como sendo ancestrais e singulares. Cruzando a documentação histórica, a cronística, a cartografia e um enorme arquivo cerzido por entrevistas a caciques, pajés e curandeiros, o autor foi percebendo a invenção da sua terra, do seu meio social e das suas manifestações e práticas culturais de hoje. Este livro persegue um objetivo epistemológico: transformar a investigação empírica em contribuição para uma nova teoria da história da comunicação e da comunicação da própria investigação a comunicação antropo-histórica entre comunidades ditas tradicionais e o Outro e a investigação em que o Mesmo, no sentido que lhe foi dado por Michel Foucault, incorpora e domina a invenção do Outro. -
Deus TupãRomance histórico, ficção e realidade, a História e estórias, colonizador e colonizado, portugueses e indígenas em antagónicos apelos à exclamação. Uns invasores; outros, canibais. A desventura com a chegada de Mem de Sá ao Brasil em 1552; seu amigo, bispo Sardinha, assado e comido na praia, em frente aos navios de bandeira que impávidos ao largo avistaram a cena. -
O Sétimo SentidoEstou a ficar um pouco febril, aquela mesma temperatura que tinha quando sussurrava que te amava, inebriada, sentindo um frémito gelado percorrendo-me a coluna em lume brando. Só que agora é diferente. Não é amor, nem ódio, é deceção. Eu não estava preparada para precisar de me auto-preservar. Sobretudo depois de a menina ter morrido nos meus braços. A dor não é neutra. Afeta bons e maus, cultos e analfabetos, estrelas e gente insignificante, se é que as há. A dor, vi-a tantas vezes lá no hospital, possui lições de moralidade. Pág.55O que tiver de acontecer, acontecerá, disse para mim mesma, compreendendo que quando sofro não mudo nada e que o meu êxtase não é garantia de tranquilidade duradoura. Tudo virá a seu tempo, independente dos meus desejos. Aconteça o que acontecer, quando acontecer, como acontecer, ou mesmo que não aconteça, o importante é estar em paz comigo mesma. Pág. 115A decisão de receber Deus dentro de mim é só minha, depende apenas do meu interior, da minha força, querer, vontade, mas mesmo essa decisão eu não quero agora tomar. Procuro-me e isso é o bastante. Pág. 115Percebo as suas vibrações pelos sentimentos e emoções que me transmitem, influencio-os através da energia do amor que lhes passo. Este comportamento, que diariamente comprovo, tem vindo a transformar o meu ADN… -
Ponto de Luz - Para Além do Brasil Profundo“Ponto de Luz” abre caminhos; rotas a explorar pela Literatura de Viagens. Visitando demorada e apaixonadamente o Brasil, todos os seus estados, 26 capitais de estado, Distrito Federal e lugares mágicos aqui a descoberto; vai além da sua vasta geografia. Incute por peripécias em Portugal, Suiça, Tailândia, Estados Unidos; tem o seu epicentro numa viagem de três anos pelas terras de Vera Cruz, penetra em profundidade no Rio de Janeiro, Macaé, Salvador, Olinda, Baía da Traição, Jericoacoara, Amazónia, Pantanal, Brasília, Foz de Iguaçu; passa-se, durante um ano, numa plataforma de petróleo; questões como a comunicação, o existencialismo, a ética, a moral ou a religião, apelam à sua natureza; entra no âmago de artistas como Bruna Lombardi, fascinante; Sting tomando ayahuasca; Djavan com quem jogava snooker e encadeamentos ao estilo haikai; Fafá de Belém amigos do peito; marcas eternas de Caymmi; Tina Turner sentindo na pele vexames racistas que lhe magoam a cor; Daniela Mercury em gestos lascivos; Caetano Veloso, ubíquo; a veia futuróloga partilhada com Gilberto Gil; Arnaldo Antunes e a magia que une afins; Ney Matogrosso e a forma como juntos libertaram o espírito e o corpo; aqui revelados tangíveis através da relação que o personagem central da estória, Duarte Camões, encetou com o mundo da cultura. Entre amores, desamores, aventuras e desventuras, conectado com a terra e o espaço celeste, DuArte – arte nativa, poesia visceral, espiritualidade, amor à flor da pele e melancólicos vícios – guia-nos por surpreendentes atmosferas; vivências insólitas; relações intensas nem sempre bem-sucedidas; ambientes perigosos dignos de filme de ação, pressentindo deuses e espíritos, energias brotando de místicos pontos de luz. Escrito como se fosse ficção, este livro representa um passo além no conhecimento do Brasil profundo, das suas gentes e memórias. -
Representar o Saber - Os Letrados na Cronística Medieval PortuguesaO saber circulou ao longo de toda a Idade Média através dos livros. Mas não só. Foi também sendo adquirido, construído e partilhado essencialmente por homens que detinham o conhecimento da leitura, da escrita e muitas vezes uma formação escolar ou universitária. Os cronistas apelidaram-nos de letrados. Foi precisamente com esse adjetivo que incorporaram as suas representações entre as memórias do reino. E é aí que os encontramos junto dos círculos de poder, legitimando-os ou fazendo-lhes uma oposição que por vezes será apenas simbólica, mas que nalguns casos terá sido efetiva. Em todo o caso, apresentando sempre os caracteres de uma distinção social introduzida pelo saber. Um saber que possuíam e que os cronistas souberam plasmar nas suas letras. Interrogar o lugar do letrado na sociedade medieval e nos textos que esta nos legou é também, por isso, questionar a visão que temos hoje dessa mesma sociedade, dos seus textos e dos seus indivíduos. -
IE!! Na Intimidade com as Estrelas da MúsicaO livro não só conta com uma coleção de relatos de episódios entre José Manuel Simões e os artistas, como com as caricaturas de Rodrigo de Matos, que tão bem ilustram cada uma das “personagens” entrevistadas, retratando à risca cada crónica. Pode-se dizer que aqui temos exposta a visão do jornalista sobre estas personalidades da música, baseada nos seus encontros, umas vezes mais íntimos que outras, em que recebia, por parte dos entrevistados, as suas emoções, estados de espírito e, até mesmo, momentos de inspiração. Momentos esses que considera um privilégio.
-
NovidadeTal como És- Versos e Reversos do RyokanAntologia poética do monge budista Ryokan, com tradução a partir do original japonês. -
NovidadeNocturamaOs poemas são a exasperação sonhada As palavras são animais esquivos, imprecisos e noturnos. É desse pressuposto que Nocturama lança mão para descobrir de que sombras se densifica a linguagem: poemas que se desdobram num acordeão impressionante, para nos trazerem de forma bastante escura e às vezes irónica a suprema dúvida do real. -
Primeiros Trabalhos - 1970-19791970-1979 é uma selecção feita pela autora, da sua escrita durante esse mesmo período. Uma parte deste livro são trabalhos nunca publicados, onde constam excertos do seu diário, performances e notas pessoais. A maioria dos textos foram publicados ao longo da década de setenta, em livros que há muito se encontram esgotados, mesmo na língua original.“Éramos tão inocentes e perigosos como crianças a correr por um campo de minas.Alguns não conseguiram. A alguns apareceram-lhes mais campos traiçoeiros. E algunsparece que se saíram bem e viveram para recordar e celebrar os outros.Uma artista enverga o seu trabalho em vez das feridas. Aqui está então um vislumbredas dores da minha geração. Frequentemente bruto, irreverente—mas concretizado,posso assegurar, com um coração destemido.”-Patti SmithPrefácio de Rafaela JacintoTradução de cobramor -
Horácio - Poesia CompletaA obra de Horácio é uma das mais influentes na história da literatura e da cultura ocidentais. Esta é a sua versão definitiva em português.Horácio (65-8 a.C.) é, juntamente com Vergílio, o maior poeta da literatura latina. Pela variedade de vozes poéticas que ouvimos na sua obra, estamos perante um autor com muitos rostos: o Fernando Pessoa romano. Tanto a famosa Arte Poética como as diferentes coletâneas que Horácio compôs veiculam profundidade filosófica, mas também ironia, desprendimento e ambivalência. Seja na sexualidade franca (censurada em muitas edições anteriores) ou no lirismo requintado, este poeta lúcido e complexo deslumbra em todos os registos. A presente tradução anotada de Frederico Lourenço (com texto latino) é a primeira edição completa de Horácio a ser publicada em Portugal desde o século XVII. As anotações do professor da Universidade de Coimbra exploram as nuances, os intertextos e as entrelinhas da poética de Horácio, aduzindo sempre que possível paralelo de autores portugueses (com destaque natural para Luís de Camões e Ricardo Reis). -
Um Inconcebível AcasoNo ano em que se celebra o centenário de Wisława Szymborska, e coincidindo com a data do 23º aniversário da atribuição do prémio Nobel à autora, as Edições do Saguão e a tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz apresentam uma antologia dos seus poemas autobiográficos. Para esta edição foram escolhidos vinte e seis poemas, divididos em três partes. Entre «o nada virado do avesso» e «o ser virado do avesso», a existência e a inexistência, nesta selecção são apresentados os elementos do que constituiu o trajecto e a oficina poética de Szymborska. Neles sobressai a importância do acaso na vida, o impacto da experiência da segunda grande guerra, e a condição do ofício do poeta do pós-guerra, que já não é um demiurgo e, sim, um operário da palavra que a custo trilha caminho. Nos poemas de Wisława Szymborska esse trajecto encontra sempre um destino realizado de forma desarmante entre contrastes de humor e tristeza, de dúvida e do meter à prova, de inteligência e da ingenuidade de uma criança, configurados num território poético de achados entregues ao leitor como uma notícia, por vezes um postal ilustrado, que nos chega de um lugar que sabemos existir, mas que muito poucos visitam e, menos ainda, nos podem dele dar conta. -
NovidadeAlfabetoALFABET [Alfabeto], publicado em 1981, é a obra mais conhecida e traduzida de Inger Christensen.Trata-se de um longo poema sobre a fragilidade da natureza perante as ameaças humanas da guerra e da devastação ecológica. De modo a salientar a perfeição e a simplicidade de tudo o que existe, a autora decidiu estruturar a sua obra de acordo com a sequência de números inteiros de Fibonacci, que está na base de muitas das formas do mundo natural (como a geometria da pinha, do olho do girassol ou do interior de certas conchas). Como tal, Alfabeto apresenta catorze secções, desde a letra A à letra N, sendo que o número de versos de cada uma é sempre a soma do número de versos das duas secções anteriores. Ao longo destes capítulos, cada vez mais extensos, Christensen vai assim nomeando todas as coisas que compõem o mundo.Este livro, verdadeiramente genesíaco, é a primeira tradução integral para português de uma obra sua. -
Fronteira-Mátria - [Ou Como Chegamos Até Aqui]Sou fronteiradois lados de lugar qualquerum pé em cada território.O ser fronteiriço énascer&serde todo-lugar/ lugar-nenhum.(…)Todas as coisas primeiras são impossíveis de definir. Fronteira-Mátria é um livro que traz um oceano ao meio. Neste projeto original que une TERRA e MAZE, há que mergulhar fundo para ler além da superfície uma pulsão imensa de talento e instinto.Toda a criação é um exercício de resistência. Aqui se rimam as narrativas individuais, com as suas linguagens, seus manifestos, suas tribos, mas disparando flechas para lá das fronteiras da geografia, do território, das classes e regressando, uma e outra vez, à ancestral humanidade de uma história que é coletiva — a nossa. Veja-se a beleza e a plasticidade da língua portuguesa, a provar como este diálogo transatlântico é também a celebração necessária do que, na diferença, nos une.Todas as coisas surpreendentes são de transitória definição. Há que ler as ondas nas entrelinhas. Talvez o mais audacioso deste livro seja o servir de testemunho para muito mais do que as quatro mãos que o escrevem. Ficamos nós, leitores, sem saber onde terminam eles e começamos nós.Todas as coisas maravilhosas são difíceis de definir. Este é um livro para ouvir, sem sabermos se é poesia, se é música, se é missiva no vento. Se é uma oração antiga, ainda que nascida ainda agora pela voz de dois enormes nomes da cultura hip-hop de Portugal e do Brasil. Mátria carregada de futuro, anterior à escrita e à canção.Minês Castanheira
